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27 de out. de 2010

CARTA ENDEREÇADA

Agora,
eu deveria ESTAR aqui destilando todas as minhas
intenções, as MALDIÇÕES de dizer do ódio que me fervilha
os OLHOS e me crepita o verbo.
Mas, não...
Não é no RELÓGIO que eu conto as horas, mas na distância
que IMPONHO, no DESVELO com que me ponho a sair só,
e a SÓ me conceder RESGATES.
É tanta gente que ENGANA, encanta a gente e DETONA a bomba
da desilusão.
É tanto EU que me acordo em GESTOS de ir e não voltar.
E não me escondo por ENTRE as máscaras que sustento.
O que vês é o que te é PERMITIDO prever...
O que não REVELO
não é SEGREDADO, apenas não te cabe na pequenez da pouca palavra
transpor o REAL, em seu imaginário verso,
o FAZ de conta.
Se me RECUSO ao teu dossel
é que nos meus CABELOS já brotam o branco da cegueira
a DERRADEIRA sensação cabida ao revés.
Não... não somos PARES
nem somos LARES um do outro.
Tu não me CABES como em casas que se aprontam
quartos e SENZALAS a receber a soberana paixão.
Não, é no chão que te RECEBO.
Eu não me PRESTO ao papel de ser o seu ator,
quando você em mim é APENAS barganha parca.
E de dizer ADEUS
eu segui sem VÃOS.
Se me FALTAM remendos na coxilha que carrego
aos OLHOS
é que apenas o CÉU poderia me crivar
do seu OLHAR revelador.

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