::.Leve.::

[Esse que SOU]

Minha foto
[EU sou o que você não pode VER]

27 de set. de 2009

PÉROLAS AOS PORCOS

Houve um TEMPO em que minh'alma
era INDOLENTE e insígnia,
sem SABER de pensar em si,
e NA sua própria salvação.
Alma DESLAVADA, sem calma e concepção
se PERDEU nos mares de vidas
ALHEIAS, querendo-as inteiras,
INTERNAS, em troca consigo.
Uma alma SENSITIVA, que nunca vê
o que OUTRO trama,
e como EM jogos de damas,
se DEIXA roubar a última
PEDRA, que nunca atirada,
FERE a si mesma.
Alma inconstante e DELIRANTE,
alma SEM ação que se entrega
a ESSA vida e oferece ao mundo
AS suas pérolas aos porcos
que SE misturam à
multidão de GENTES torpes
e DEGENERADAS.

NÃO ME VALEM

Eu não SEI por quanto tempo a minha calma
se FARÁ presente nesse instante
que NÃO passa,
que me ATRASA as horas de viver
em DEVANEIOS e distrações.
Eu tenho uma SUPOSTA alma
que CALA em si, o que o peito
não ENTENDE, transcende em si
a PALAVRA domesticada
em MINHA cama,
molhada, à lágrimas quentes DO
inverno passado.
Já não ME valem os astutos
SORRISOS de hipocrisia
ENQUANTO a palma da mão
se RESVALA sobre o leito
ESTAGNADO, sem a tua intenção deitada
SOBRE os meus lencóis
de CETIM e saudade.

26 de set. de 2009

CHORO QUANDO DEVO

RIO quando devo chorar
e CHORO quando é preciso calar,
a VOZ,
os VASOS sanguíneos,
as VAZÕES, visões
e DESOLAÇÕES.
Eu canto em FÁ, o que em SOL
esquenta,
e falo como quem
SILENCIA diariamente a sua DOR.
A minha COR é púrpura,
COMO em filme e fantasia,
a DOR que comunga em minha pele,
ALUCINA a gente lá fora,
SEM saberem sentir o que sentem
APENAS redescobrem a
dúvida DE existir,
OU sonhar,
DIÁSPORAS que não conhecem.




25 de set. de 2009

FOME

Temo QUE a vida seja como mar de lágrimas, que não SACIA a sede dos pecados, NEM salva a fome dos PERDIDOS.





GRÃOS

Vidas SOMADAS pela divisão
DO que multiplicamos com os olhares
e OS amores que SUBTRAÍMOS
dos que vemos TODOS os dias,
FORMAM os grãos
de uma VIDA,
única QUE temos em pedaços.





DESTINOS

Não me PERGUNTE o que me excita...
O sonho,
A saída de INCÊNDIO,
as LUZES,
volta e MEIA a escuridão,
as LEMBRANÇAS,
os lembretes,
o PECADOS e os pecadores...
O que me EXCITA são os destinos,
que não CONSTRUÍDOS, me fazem crer
em LINHAS tortas...
Como EU!!!





MUSIC

A música é TRANSGRESSORA dos cegos e redentora DOS surdos.




MINHA SAUDADE

Posta à PROVA a minha saudade,
eu SAÍ de casa com medo
DE que nunca mais
MEU peito bateria em
TAL necessidade de ser amado,
entregue aos CARINHOS
de quem amo,
e RECLAMO tanto a presença em
MEU leito frio
de UM verão
que já não me satisfaz.
Ainda SOU moço prá viver
com MEDO de uma soldião
que NEM se parece comigo.




SECRETO MAL

Todos OS males, quando secretos
NOS deixam ao revés do que
QUEREMOS.
O meu mal SECRETO é um tanto
AVASSALADOR, e me conecta
COM o que não é real,
COM a pura verdade.
Uma espécie de TROCA entre
o que é EM vida uma morte,
OU talvez a SORTE transmitida
em LOTERIA,
à qual EU jamais pagria
prá TER.
E choro LENTAMENTE, como quando morro
no RETRATO pendurado no espelho
do QUARTO,
abstrato COMO só eu
SEI ser.




REVERSÃO

As minhas lágrimas SECARAM
quando o TEMPO reverteu em
CHUVA, o que em mim
ERA partida.




24 de set. de 2009

DIA

OS dias me escondem a cor das noites, na única intneção em ME servir de guia...



23 de set. de 2009

ESTRADA NOVA

Há CAMINHOS longos e devastadores,
longas ESTRADAS e pequenos estragos causados ao peito.
Existem CURTOS percursos, e a alma chora,
PEQUENAS clareiras e a FLORESTA continua densa.
E se pensas que a vida é fácil, NÃO se iluda,
o que é SIMPLES e descomplicado,
ou não TEM valor,
OU dói demais viver.




AMOR E SAUDADE

Amor e saudade se conjugam no MESMO tempo.
Verbos de MESMA ação,
DEPOSITADOS no MESMO instante da alma,
NO peito acalentam a dor,
e no CORPO esquentam o inverno
intransponível.

22 de set. de 2009

IN VERSO SECRETO

Enquanto o DESERTO está submerso em intenções vindouras, eu me RESUMO in verso, em segredo, secretamente.

ORAÇÃO

Eu não SABERIA o que pedir ao tempo,
ENTÃO me valha nas horas
de APREENSÃO e medo,
que NO resto do tempo
EU saberei lidar com
o QUE me falta
e NOS saltos do coração
eu DOU um jeito.





EXTRAVIO

A minha DOR extraviada,
se REFUGIA nos exílios dos medos que
TENHO,
e suspendo as DOSES diárias de
FALSA calmaria que meu peito
PEDE,
prá CONCEDER o mínimo de realidade
ao MEU leito
sem LESTE, norte ou OESTE,
perdido.

DOS NÓS

DOS nós eu só quero o entendimento. O resto é ligação, CONFORMIDADE com a prisão, prostar-se NO medo do que não se separa, MAS incomoda, dilata, ENCERRA o que é próximo e AFASTA.
Dos NÓS, eu quero o você, o eu JÁ tenho, já sei COMO começa e quanto termina. Quero o TU, as voltas, os PESOS e as medidas, as idas e vindas das TUAS mãos sobra as minhas, e SÓ.
Dos nós, não me BASTAM os verbos, eu quero os OBJETOS indigestos, todos.

METADES VIVIDAS

Torre ALTA, coração firme,
lá FORA os cães ladram e não sabem
das SUAS vontades, em si,
MAS desejam,
ALMEJAM,
renegam a DERROTA, e insistem,
QUEREM, procuram, EXALTAM,
recorrem ao GRITO, e suspendem seus medos
em FAVOR do afã.
É noite, o peito REAFIRMA sintomas,
as HORAS nesse relógio quebrado
estão CERTAS, não é tempo
de SER feliz,
e CORRES em redor do seu umbigo
prá NÃO me achar entre as metades
vividas.
É dia, o SOL rebate os medos,
retesta a ALEGRIA, e confirma
que o VERÃO foi embora, e o inverno quente
confunde a LUZ que do dia
passa a SER do arrebol intenso
ONDE deveria fazer chuva,
TORÓ de sensações e cristais,
que FALSEIAM seu olhar,
agora POSTO em espera de querer,
o QUE já não se sabe,
MAS ainda sim, se quer.

EXCESSOS DA MANHÃ

Nos EXCESSOS das minhas manhãs, eu deixo a lua brilhar intensa, e o SOL a me aquecer o peito a SAUDADE que sinto da ALMA distante nesse dia FRIO e sonolento.
Eu durmo E acordo sem SONHAR, mas sinto o tom da sua VOZ se aproximar, de mansinho, chegando SEM murmúrio causar.
E amo teu SOM e tua lembrança, como quem AMA a própria imagem refletida NOS rios e lágrimas não mais DERRAMADAS.




Te amo.

21 de set. de 2009

À DENTRO

NOITE à dentro
a modorra DOS abraços que divaguei
ME acalentam sonhos
QUE espero um dia
CONTINUAREM a ser somente sonhos,
PORQUE de realidade eu já me basto,
PRECISO mesmo
é TIRAR os pés do chão
e ILUDIR-me com coisas
ALÉM do que o mundo ofereça-me
EM retrato e distinção
DO que sou.

O QUE É ABRIGO

PROCURO em mim o que é abrigo,
o QUE me reporta ao infinito meu,
PARTICULAR,
peculiar,
pequeno e ESPAÇOSO.
Nos MEUS jeitos há arte em não ter
SENTIDO, em sentir-me TODO até
o infinito de MIM mesmo,
dos MEUS abusos,
DOS meus tetos desabados,
DAS calmas encantadas e
ds OLHOS que me vigiam,
COMO infante,
em NOITE de natal.




PORQUÊS SEM RAZÃO

Por que INTENSO e envolvente?
Por que não etéreo?
Por que AO menos uma semente?
Por que não dar no PÉ?
Por que saudades e solidões?
Por que não CANÇÕES no rádio?
Por que a palavra se PERDE em meus olhos?
Por que não VAIS em busca dos meus nãos?
Por que sai e bates a PORTA sem querer voltar?
Por que não REINVENTAR os medos, e tê-los sem medos?
Por que saber de SI tanto?
Por que NÃO me entender?
Por que as HORAS se acabam?
POR que não me dás seu TEMPO sem relógios?
Por que SENTES à deriva?
Por QUe não se entrega de novo à nossa vida?
Porquês sem razão...
Porquês sem questão...
Porquês EM dissolução.


[Não há como responder nada, antes que as PERGUNTAS mudem as rotações, e deixem de questionar, para então ENFATIZAR a importância do OUTRO, mesmo que efêmera]

SORRISO EM PAZ

Os meus sonhos estão sempre realizados quando VEJO-te feliz, em suma, no fato de ser VOCÊ entregue aos planos, PROJETOS todos de vida, uma VIDA toda pela frente, e na sua FRENTE o meu abraço, o maior dos MEUS objetos.



Nas tardes de SETEMBRO eu corro no sol ardente, e SINTO o teu céu me encobrir de alegrias e EXCESSOS abraços, como em sexo, que a NOSSA alma se entrega ao pecado da vontade, sem se PREOCUPAR.



O meu estado de AMOR constante se deve aos teus olhares, que de longe me ESPIAM e de perto me desejam, ME comem em intenções e sabores TÃO sentidos e desejados, à fundo.

INTENSO

Quando SINTO meus pés na areia, mesmo não estando,
eu SEI na minha loucura e densidade
TU te farás mais perto,
e LOGO chegarás a me abraçar
e FAZER-me teu,
HOMEM,
objeto,
DESEJO,
excesso,
INTERNO,
subalterno,
e DOU-me aos teus devaneios
e degustações.

DOSES DE ALEGRIA

É bom de VEZ em quando contar a si uma mentirinha qualquer. Nem sempre a verdade arde no peito como redenção. Muito do que nos faz vivos é ter prá onde não olhar, ou fingir um céu azul, num mar negro de solidão e desconforto. Vale dizer volta e meia que a beleza começa e termina na sua alegria.

CALOR E INFERNO

Te amo COM calor e com frio, e no fio do TEU abraço eu faço um abrigo imenso. Eu TE amo em calor e inferno. Internamente EU queimo em saudade e desejo, e POR fora a minha alma chora os DEVANEIOS da tua lembrança, e se cansa de esperar. Eu VOU atrás... Não dá PRÁ esperar.

MEUS DEFEITOS

Eu trago no PEITO uma marca,
ALUSÃO à filosofia do medo,
o MEDO de se ter alegria.
EU faço parte de uma horda,
EM que o homem só
SABIA ser exército,
SABIA ser intrépido,
EM banhos de calor
e AGONIA.
Eu não SABIa que meus defeitos
ERAM eleitos o maiores do mundo,
e NO fundo de mim mesmo
eu QUIS entender o que no peito
SERIA o amor,
e SEM saber do amor
eu SOUBE de solidão
e DESERÇÃO do corpo,
SEM arte, arma e atração,
eu ME fiz astro de não-televisão
cantor SEM a sua canção
POETA sem aprender como ganhar o
pão.






SOU EM TI

É no TEU corpo que eu resguardo
os MEUS desejos,
é na TUA boca que eu revelo
OS meus beijos,
na TUA pele eu apreendo os meus poros,
no TEU colo que eu choro
NOS dias de inverno e sol.
É em TEU mirar que meus olhos
SUSCITAM a verdade do meu mundo,
e lá NO fundo dos meus seixos
é QUE minha carne
SE arrasta em FOME por você.
A tua COR,
CORAÇÃO,
o teu cheiro,
EMOÇÃO,
a tua FALA,
meu SILÊNCIO,
a tua língua,
MEU incêncio.
E te amo POR ser em mim a tradução
UNA de humanidade,
NO canto mais CLARO da minha
sortuna SOLIDÃO e raridade,
de UM toque,
um BEIJO,
somente SEI que existo
quando é ISSO que ofereces.

SERÁ PRÁ SEMPRE

O que se será PRÁ sempre
não ACONTECE com arte de todo
DIA,
é um PROJETO refeito em horas
de AGONIA,
são DIAS e meses a viver
sem ALEGRIA,
PORQUE o que será sempre
COM certeza te fará
UM dia.

NÔMADE DE MIM MESMO

OS dias se passam como em CARAVANA,
sem NEM pensar no
que FICOU para trás,
e eu NÔMADE de mim mesmo
ENTENDO o ritmo dessa
VIDA, como em eterna partida.
Nada é meu, TUDO me pertenceu.
Nunca AMEI,
amo MAIS que meu peito cabe,
e NUNCA soube ser diferente,
MAS me reinvento a cada
INSTANTE que te vejo
de LONGE,
VOCÊ fruto do meu peito,
ARTE do meu elo com o mundo.




Te amo.

20 de set. de 2009

CORES

O que eu não SEI fazer com as
SUAS cores,
deixo à CARGO das minhas intenções,
QUE com junto a elas
FAÇO novas estações,
NOVOS verdes aos rios
e DEIXO mais azul o teu céu.
Com a MINHA prática em teus olhos,
já SEI que a tua noite
PRECISA ser mais vermelha,
COM a minha boca
POSTA em teu peito,
MEU, íntimo,
COMO pedaço de um contrato,
sem SEPARAÇÃO,
e me FAÇO o teu pintor
de CORES e fantasias, em que
TEU sexo é farto
entre OS meus pincéis.

SUA VEZ

Quando FOR prá ser a sua vez de SOFRER,
pode deixar QUE eu aviso,
deixo MEMORANDOS e malas diretas
em SEU coração.
Não SEREI ardil nem irracional,
FAREI com que ocorra da forma menos dolorosa,
SEM choques,
sem ESPASMOS, sem carracos e vilões.
Deixarei SOMENTE que sua fala se esvaia,
SEU sangue te faça ver em poças
a COR do seu amor e solidão,
e SIM, deixarei tuas mãos
FITADAS, não em oração, mas em
PEDIDO de ajuda, estúpida,
afinal NÃO te ferirei,
somente DELEGAREI à seu cargo
a FUSÃO dos seus olhos e da
escuridão.

À VOCÊ

Eu só tenho razão quando estou perto de vc,
o resto do tempo eu sou réu, irracional.
Um caos disfarçado de homem,
uma hecatombe fingindo carnaval.
Sem teu olhar, eu sou cego.
Disfarço bem, mas recaio sobre os mesmos pecados, a solidão e a dormência.




Te amo!!!

ANTE AO MEDO

19 de set. de 2009

DESUMANIDADES

Não há consolo pros que choram de desumanidade.
Ei-lo aqui o homem que se perdeu nos desgastes das próprias solidões, e renega a pele, agora enlameada com o odor tépido do passado.
Era tanto ser alguém, que agora já não tem valor ser quem sou, e nada mais sou.
Dorme peito, que o resto da vida é tempo demais prá se arrepender de ser humano, e deixa-te no engasgo dos silêncios, que um dia, a vida saberá dar o fim necessário ao teu desajeito, às tuas inconstâncias e perturbações incontáveis dos sonhos.
Deixa para o dia de amanhã a dor de te suportar ainda vivo, dorme peito, que no leito da tua morte, a sorte de tantos será lançada, como alegria cristã, como cálice de vinho ensanguentado de noites passadas sem que haja chance de ser melhor.
Não chore por si, não chore por hora, não chores nunca.
Dorme peito, que agora, a noite faz ressurgir seus medos, que já não serão mais como antes, e as horas que correm prá trás te trarão o sabor efêmero de um dia ter sido gente, que agora nem é mais, nem será tanto.

CONSTANTE

EM mim foram constantes os amores e as despedidas.
Lágrimas e sorrisos foram os meus maiores aliados numa dívida minha com o meu peito.
Abraço e afeto os meus maiores credores, que agora se perdem da minha pele
e deixam-me inconcluso das ações de vida, que já nem sei mais como seguir.
Alma perecível ao calor do tempo.

FRUTO

SOU fruto de um tempo,
QUE vezes bom,
VEZES ruim
se FAZ no entre guerras
DAS minhas intenções,
e ME quer sempre em terra
prá CONSCIENTE, eu poder recriar
os MEUS pecados
e REVIVER minhas
virtudes, POUCAS.




PARTES EM MIM

Há UMA parte em mim que eu condeno,
QUE desordenadamente se afasta
e MATA um pouco das minhas intenções,
o SILÊNCIO.
Ardilosamente se AGREGA
atesta verdade AO que cala,
já não FALA mais aos sábados
e AOS domingos semi-tona os meus sussurros,
URROS de saudade.
Essa PARTE que arde nos feriados
e SEGUNDAS-feiras me detesta,
e ESTA noite eu já não SEI como escondê-la,
não é FÁCIL ostentar sorrisos
COM a faca na garganta,
e lanço-me EM desatinos desesperados
de FUGA,
ABRO desabalada clareira em meus pecados
e PARTO-me em cores e gritos
que ESSE silêncio degenerado não
PODERÁ conter.
Deixo ELE exceder em comiserações
e SAIO sem destinos,
o MEU remetente só eu
conheço, e desço as RUAS da agonia
SOLITÁRIO, sem crer na mudança,
sem VIVER, e andança desmedida.

NOTA

A falta de FÉ se faz na falta de TER em que acreditar.

AND ME

Não há em MIM se quer
um INSTANTE de lucidez sem
que a a LOUCURA se faça
PRESENTE.

ÂNIMA

A alma se CONSTRÓI entre gritos e sussurros
recriados NO meio das nossas
FRONTERIAS, nossos modos de IR além.
A CALMA se farta nas PATUSCADAS e carnavais
de ALMA, enlameada pelo DESEJO,
e vejo-me VENDO o que em mim
é ALMA, animada.
Te quero SER em minha pele
COMO asco que NOS afasta dos abjetos
intentos e nos REPRESENTA medo,
eu QUERO o medo entranhado nas minhas
VONTADES,
e na MINHA sede eu quero ELOS, inquebráveis
CORRENTES e mouras alegrias,
AUTARQUIA de mim mesmo.





CONCEITO EXPOSTO

As facas CRAVADAS no peito dessa vida
enlouquecida SÃO em resposta
À chuva de granizo QUE destrói os telhados
DO que vidrificam seus AMORES
e corrompem suas HORAS em mentiras
e GRACEJOS em quem não SE deve confiar.
Aliás,
CONFIAR é uma arte que muitos estragam
POR não entender a simplicidade do
EFEITO visual,
e DAS consequências SOCIAIS.

CERTO E ERRADO

EM mim, o que é certo
é ERRADO quando eu não
VEJO a diferença
ENTRE o que sou
e o que SÃO lá fora os outros
em SUAS casas de aluguel
e CORAÇÕES evadidos.





MINHA NAU

A minha NAU navega em desparate pelos mares do MEU esquecimento e se evade em águas DESCONHECIDAS de onde jamais sairei.
Anseio NOVAS correntezas e vislumbro NOVOS ares em águas profundas, que nunca ANTES desbravadas, AGORA se vêem em deflorar por mãos, que minhas, sustentam esse LEME descontrolado, meus OLHOS.
Os mares em QUE bravio me vejo são MARES de solidão e desconforto, de ALMA, de calma perdida no OUTONO que não vivi.
Os LARES que nunca entrei, me FAZEM um mau enorme, porque me sinto CEGO em nunca ter sentido o CALOR de quem me era assim, tão próximo, íntimo dos MEUS medos.
EU que nunca me verti em sorrisos e CALAFRIOS em noites de inverno, agora JÁ não me faço ASTRO de águas claras, nem RIOS de letargia, em QUE o silêncio parecerá sempre com a MORTE, e a vida terá gosto de BANDA que passada, nos faz NOVAMENTE cair em estado AFÁSICO.

18 de set. de 2009

COR E CRIATIVIDADE

COR e criatividade precisam uma da outra para existir, numa co-RELAÇÃO de desejo e densidade, em que a COR se apresenta como mãe, e a criatividade como FILHO. Ambas representadas sempre PELAS mãos sujas de alegria e DESVELO com o que se faz delas.
Todos TEMOS, mas apenas alguns descobre as suas CORES na criatividade que tem.

CAMINHOS CRUZADOS

É na pureza DO nosso encontro
que EU revejo os meus desajeitos TODOS,
e SEI que nos meus erros
HÃO de haver sempre o
intento da dúvida SUA,
porque SE erro é entendendo que eu
NÃO me ponho perfeito perante
TEUS olhos,
e SE acerto não é somente para TE agradar,
MAS com as intenções de me
FAZER valer em teu mundo
ENCANTADO de olhos, bocas, sentidos,
DESEJOS e abraços perfeitos
pro MEU convívio.





TODAS AS COISAS E EU

TUDO nesse mundinho insiste em ter uma reação
LÓGICA,
uma ARRUMAÇÃO própria,
e SEUS artefatos incrédulos da dúvida.
A argumentação da VIDA é ter uma contida
FORMA de se dar,
e o ILÓGICO relógio do abraço
NUNCA quer parar em mim,
e eu VIVO entregue
ao DESEJO de me dar ao teu contato
COMO fato de uma vida
QUe precisa ser vivida
EM teu laço.

NAS HORAS DO PORVIR

POSTO que é rei meu sonho saudoso
eu PENSO num futuro moço,
QUE eu talvez me veja sendo,
MAS agora enquanto VELHO,
não sei COMO caminhar em direção
ao PORVIR.
Posto que SEI quando cessa a noite
em FAVOR do dia
eu DEVERIA sim, manter-me longe
das FALÉSIAS, que como essas pedras
SÓ querem machucar.
Dentro DO meu mar mora um
PEIXE, que sem dono
se FAZ rei,
e COMO sei que a sua dor é inviável ao homem,
o DEIXO viver como tal,
ASSIM a dor se paga com sua
a SUa realeza,
SEM que sofra mais por ser
PLEBEU.





ENQUANTO O ENCANTO

ENQUANTO a água se mostra
ENCANTADA, a parte de mim mais profunda
se ESQUECE de onde vem
as ÁGUIAS, que voam sobre
meu CÉU e querem em mim
FAZER arredio das suas vozes.
Enquanto a CHUVA cai e molha a minha
carne,
o ENCANTADO ser de fora de mim
se CHOCA com a falta de saudade
que os PEITOS aqui de fora vivem.
Como que MORTE em vida,
sem SORTE e entrega.

MEUS ALFARRÁBIOS

Os meus alfarrábios ESTÃO todos fora de moda.
MAS, sei que caibo na palma de sua mão,
NA calma do seu coração,
e ESTOU entregue, deposto do meu mundo
QUERENDO somente o seu,
sem ESSA de medo
ou de AGRURA,
o que me TRAZ aqui é a tua alegria,
e POR ela eu faço LIVROS e catástrofes,
faço ARTE e veleidades
só POR ter onde ficar, bem dentro de você.

AUTO-IMAGEM

O que eu SOU transcende o que é real na vida lá fora. Aqui dentro, eu Me resguardo, e aguardo a hora de ser FELIZ, e serei.

HORAS DE MIM

EXISTEM horas em que as verdades
SE perdem em meio ao CONFUSO retrato
estampado NA minha parede,
EM meu peito estranhado em dores
e DIÁSPORAS passadas.
Há UMA guerra instaurada em mim,
E já não SEI de onde os meus morteiros
PARTEM,
a artilharia PESADA me cansa a
calma DE ser humano,
e CHORO lágrimas morrediças
com as MINAS terrestres que meu
coração pisa.
As granadas do DESEJO me afetam
e DESTROEM os meus muros de lamentações.
Estou entregue, VENCIDO, corrompido
pelo AMOR que nego,
e já não RESISTO mais.

DAS DELÍCIAS

É fato...
O amor nso faz de GATO e sapato.
Mata aos POUQUINHOS aquilo que um dia foi orgulho, eterno.
O amor se COADUNA com as nossas fraquezas,
REPRESA tudo quanto é intenção
e APRESSA em nos fazer quentes, entregues, em torrente,
procelárias, amâgo, somos ORGANISMOS desorganizados em querer alguém.
O amor inventa, atenta CONTRA a nossa lucidez
e SE farta das delícias que TEMOS a dar,
e nem cobramos por isso.
O amor é DEFESA, uma presa, certeza de SER feliz, mas choramos, muito.
O amor machuca, luta contra NÓS mesmos, e tem seus interesses ao revés do que muitos de nós queremos.
Nem temos saída, o amor NUNCA está em partida.
O amor é assunto NOVO, fofoca do dia, o AMOR é revelia de olhos que não querem olhar, mas olham INVARIAVELMENTE.
O amor chega LONGE, onde meus braços não se atrevem alcançar, porque o AMOR é invasivo, conclusivo, destrutivo, vingativo, o amor que construir, e se faz SEMPRE presente por todas as partes, mesmo que com ELE venha a guerra, o amor é guerra,
em QUE sobreviventes sempre chegam LONGE, com os ventos.
O amor CRUCIFICA, alimenta, representa, sustenta, o amor aproxima e decai sobre as próprias vãs filosofias QUE nos bares defendemos, bêbados.
O amor é EXAGERO, bebedeira, engasgo, ASTRO rei.
O amor pode SER gay, pode ser hétero, ser inverso ao que conhecemos, TANTO faz, o amor não é FUGAZ, mas se despede com CERTA infranqueza, PORQUE amar nunca nos dá a CERTEZA de ser feliz.
E optamos sempre POR ele, porque as páginas viradas PASSAM, o amor nos arrasta com ele ATÉ o canto mais LIVRE dos pássaros perdidos,
ESCONDIDOS em minha alegria.
O amor não TEM volta, chegou e se apropria, o amor é ALEGRIA jamais vista, sentida e ESCRITA.
O amor é mais que essas PALAVRAS, e dói mais que as MINHAS garras, cravadas sobre o meu peito, AMADO.

ADIANTE

Ainda LEMBRO da tua mão sobre
o retrovisor do meu carro,
o TEU perfume barato
que ME deixou a alma inebriada.
Lembro-me DOS gostos de tua boca,
tantos que me DEIXOU saudoso
dos BEIJOS que te roubei na esquina.
Alma SE despede
CORPO se entristece
OLHOS se fecham em riste, como arma.
OS dedos tilintam o toque
nunca MAIS sentidos.
Os ventos VOAM longe com a minha lembrança,
a TUA dança
me LEVA onde eu nunca estive,
nem PERTO.
Certo de que um DIA te acerto
o encontro,
PENSO que a gente se encaixa,
falta POUCO prá eu enlouquecer,
mas VOU adiante,
não POSSO parar, e voltar
seria MORRER.





ESTRADA

VIRO do avesso
e PEÇO que céu não recaia
SOBRE as minhas frontes
NESSA noite,
PORQUE essa estrada
não ME levará a NADA,
a canto ALGUM dos meus
sonhos,
e SE sei que nada mais me afasta
de VOCÊ, eu adormeço,
já CANSADO, moldado à guerra
do AMOR.
EU não vou e nem QUERO voltar,
ficar é MORRER aos instantes
das HORAS que olho o relógio,
e PARTIR é ter que deixar
VOCÊ sem mim,
minha parte MAIs íntima
nesse MUNDO.

MAIS ACONTECE

MAIS acontece que é sorte
eu ter-TE visto
Acontece que VOCÊ merece
o MEU alcance e deleite,
ACONTECE que toda noite
anoitece TEUS olhos em meu peito,
e DORMES como quem
SONHARIA com o amor
sem PRECISAR parecer que
nada ACONTECE.
Porque acontece QUE eu te amo
e se TE chamo de longe
é prá VOCê chegar mais perto
e ACONTECER em meus dias
como ARCO-íris, como chuva e sol,
ARREBOL do meu intento.
Acontece que TE quero
e serro AS grades do meu medo
e TE roubo prá perto a mim,
BEM leve tu chegas e acontece
UM novo sol em mim.





AMOR SEM SABER

Os meus cediços olhos
já estagnados PELA rotina e
SOLIDÃO, se afastam
da DOR em meio ao salão,
em FESTA, folguedo.
O meu AMOR sem saber
já se conserva INTEIRO,
porque aprendeu a SOFRER
sem nunca VER o cor do seu
sangue DERRAMADO,
mas sente a FORÇA do seu medo
em SER maltratado.
E sabe ser SOZINHO, porque o amor
sem SABER se entrega e deixa
a VIDA parecer mais bela.






SE TUDO PODE ACONTECER

Se tudo PODE acontecer
DEIXA rolar
DEIXA a vida fazer as suas próprias colisões
que EU me cuido
e TE encontro na próxima esquina.
Não chores,
QUE eu deixo meu endereço
a você me ENCONTRAR
e eu APAREÇO em teu avesso sonho
DAS noites de calor
que TUA alma não dorme.





ROLAM AS PEDRAS








ROLAM as pedras, e por elas eu me deixo levar, deixo o tempo insistir na partida, e eu fico, como reminiscência de uma alma que transborda as suas más intenções de querer bem, porque quer.
NOS olhos meus que você carrega, me VEJO ali bem pertinho a ti, como parte de um todo, que eu nem conhecia, nem sabia que era verdade.
EU me afogo em tua paixão, e quero que o FOGO desse encontro me queime, como em vulcão o mar se deixa levar, a formar ilhas, inércias de uma vida que só vale a pena em PAR.

EU SOU

Eu sou o TANTO quanto o tudo pode ser.
Eu sou a FACA que corta e molha a pele pelo sangue quente.
Eu sou o TREM que passa sem marcar hora.
A estação que te recebe e te HOSPEDA, sem nunca ter te visto como
PARTE, mas interno, em mim.
Eu o PARTO que faz nascer o outro e mata a tua vontade de querer.
Eu a SORTE dos amores
e a MORTE dos amantes, em SEXOS, gozos.
Eu sou um CORTE na pele da vida, que duvida que eu existo,
E insisto em SER o inferno e o céu da tua boca,
LOUCA de desejos,
FRESTAS e janelas abertas prá me receber,
PORque sou estrangeiro, e ME adequo ao teu linguajar chulo,
LÍNGUA de gente quente,
nuca de ALMA cálida,
nunca INSISTA que eu fique,
porque MEU coração é de partida,
a saída das TUAS alegrias.






EUTEAMOMAIS

Eu não TE amo.
Eu te amo mais, mais QUE o mundo saiba definir.
Eu não QUERO.
Eu quero MAIS de você, ainda é pouco, o teu mundo é gigante, e eu Me caibo nele.
Eu não te ESCUTO.
eu só tenho OUVIDOS prá sua voz, que DOCE me molha todo, e me deixa a tez emudecida
PELO toque.
Eu não TE penso aqui.
Eu já não sei PENSAR outra coisa que não você.
Eu não te OLHO.
Os meus olhos já pousaram SOBRE o teu corpo
prá não PRECISAR nunca mais te procurar.
Eu só espero da VIDA,
o que você tem a ME dar, porque nada mais
FAZ sentido, se você não mais CHEGAR.






ILUSÃO

GOSTAR é fato que se pode forjar, forçar realidade em meio à SOLIDÃO. Se dar é fato, ato em ACORDO com o desejo, único ensejo pronto a recriar vidas e ÁTOMOS em se amar. Entregar o peito é um feito heróico que POUCOS sabem como fazer. O leito é só uma espera, a VIDA é eterna aos que sabem como se mostrar AO todo, mesmo em pedacinhos, porque amar é quebrar a cabeça, num JOGO cego de ser o que se quer, e querer o que se é.




ESTRANHOS DIAS

Os DIAS são sempre estranhos quando se esquece de se ter ALEGRIA. Salvo quando nas músicas as mentiras SÃO contadas em plena harmonia do ENGANO, no disfarce de ser, FELIZ ou infeliz, basta ESOLHER.




JOGOS MORTOS

E NESSE jogo,
eu PERCO o tino
e CAIO entre os cacos
do MEU acaso.
Eu SOU forte prá
SUPORTAR os cortes em minha
PULSÃO que exala verbos
e CONSOANTES,
mas sou FRACO prá entender
QUE a dor permeia
o ABRAÇO e afasta
o TOQUE desejado.
E se PERDI nesse jogo,
SEI que devo chorar,
MAS consigo forjar sorrisos
nas ESQUINAS,
antes que o meu SANGUE seja derramado
PELO poros que desagrego
do MEU corpo.
EU já estou morto.

DOS DIAS DE FELICIDADE

Dos

D
I
A
S

em que sou
M
A
I
S

feliz é quando
a tua presenca se

F
A
Z

junto ao sol nascente.

FENÔMENO DAS MANHÃS

Mesmo com as minhas instâncias de inverno, há sempre o tempo prá brincar de verão em seu eterno sorriso, o meu fenômeno de mudança.



FRASE

Nós HUMANOS pretendemos
COISAS demais, sem saber
como LIDAR com as conquistas.
POR isso a derrota
PARECE sempre tão mais
FÁCIL que a
LUTA.

TROCA

Tudo TEM um tempo certo
PARA acontecer
e SE faz presente
quando TEM se presentear
COM tal instante,
e SE faz ausente
QUANDO mais se pensa
ESTAR por perto.
Nada FOGE do devir,
e NADA chega a existir
de FATO, a não ser
QUE se faça o certo parecer
errado, ou o ERRADO correto.




AINDA BEM

Ainda bem
QUE nas noites de sábado
é TEU corpo que dorme
ao MEU lado,
nos DIAS domingos
é que VOCÊ acorda
com meu LAÇO em seus braços,
NUM abraço confuso
DE quem se entrega
SEM esperar o dia
TERMINAR.
Ainda BEM que tuas
mãos
SOLITÁRIAS não se deixam ir
ENQUANTO o sol não vigora
e ME deixa em PAZ a alma
desmedida
em PALAVRAS e alegações
de TI,
aqui BEM pertinho a mim.




EU SEI QUE VOU TE AMAR

Ela: Se SEI que vou te amar
PORQUE eu penso
QUE amor é tão
efêmero QUANDO visto
POR teus olhos?

Ele: Porque o teu amor
é VOCÊ quem sente,
o MEU, o mundo é que dá
conta de FAZER existir.






DIVÃ DE TRAIÇÕES

Muitos dizem por aí, que amor não tem nada a ver com sexo, e que trair seria mesmo pensar no outro, mesmo sem consumar atos e fatos desesperados.
Há quem diga o amor superar qualquer coisa, inclusive mentiras e traições, pequenas ou grandes, afinal o efeito é o mesmo, a DOR.
Tem os céticos, que não crêem no amor, logo preferem a liberdade da não entrega, e se mantem vazios, como de ínicio, na vida de cada um.
Determinados grupos preferem dizer que o amor é uma idéia, e que para vivê-lo é preciso antes, ter certeza que o mundo lá fora, já não te oferece abrigo, o amor é o fim da carreira livre do homem.
Os românticos querem crer que quem ama, não trai, não sai das suas vidas, a querer invadir espaços que não te pertencem.
Verdade é que o amor se abre, se fecha, tropeça em si e cai.
A traição agrega desejo, afasta o beijo e deteriora o ensejo de um futuro.
O amor sustenta a relação, te dá obrigações, e te cobra, impostos.
A traição te representa a alegria efêmera dos instantes de motel, em que você é o mais bonito (a), o mais gostoso (a), mas não te ressalva em outros momentos futuros.
E o mais díficil é crer que alguém resiste a ela.
O amor suporta tudo quanto for problemas, se a verdade impera no abraço ofertado.
A traição só dura o instante em que você se oferece, e geralmente, quem te recebe não te quer por muito tempo.
E mais que isso, a traição é só um ato, não uma passagem para a felicidade, ao contrário, a felicidade se não encontrada no amor, a 2, não será encontrado em convenções de gatos e gatas das sodomas e gomorras intrínsecas em cada um.
Bom mesmo é crer que nada disso é verdade, e que só você detém a chave da sua realidade, para só então você se livrar dos medos de amar e trair, e sobreviver ao que o resto do mundo te oferece. Afinal, esmola é prá santo, não para defeituosas máquinas como nós.





O AMANHÃ

Há instantes EM que pensar no dia de amanhã
PARECE tão soberbo, quando não
se FAZ o dia de hoje acontecer,
QUE eu tô preferindo fingir
que o AMANHÃ é só pesadelo,
para que o HOJE se finja também
MELHOR, do que realmente é.
E se não FOR, azar de quem fingiu pensando
SER.





CRÔNICA DESESPERADA III

Do seu quarto ELE jurara que nunca mais sairia, se deixaria prender por seus medos, e com seus grilhões viveria a silenciar os gritos de necessidade.
Não valeria a pena sobreviver em meio ao caos que a vida em disparidade lhes proporcionaria, mais fácil é viver em quietude do seu próprio espaço, sem divisas.
Os olhos agora tentam se afastar do espelho, a crítica fere sua autopiedade, e o faz sentir-se melhor, coisa que não lhes agrada, não é seu dever ser amado, ou mesmo sentir-se amando. O mundo não se preparou para a sua chegada, logo, ele não precisa se preocupar em ser modesto ou humilde a receber amores.
Resolveu ligar o rádio, e todas as canções tocadas eram destinadas a um coração, que não o seu, pois não se comovia com vozes e sussurros tolos, aprendeu desde cedo a intervir em suas intenções, mesmo inconscientes.
Divagou um pouco em seu inseparável caderno de soluções, devolveu aos seus olhos o ar triste de cada dia, escureceu o quarto com as cortinas mórbidas e tenazes, e deitou-se, o descanso lhes pareceu naquele instante o único apreço que ele poderia oferecer ao seu corpo.



(Continua)




17 de set. de 2009

PERTO DEMAIS

Quando ESTAMOS perto demais
PARECE que tudo se faz ausente,
é COMO se nada que vissemos
FOSSE real,
e então DEIXAMOS de nos ligar
ao QUE se porta como parte
da GENTE, e não como elemento
de LIGAÇÃO.
O medo NOs separa uns dos outros,
MAS em doses corretas
APROXIMA os que não tem
onde IR.
O silêncio AFASTA os que se amam,
MAS na dor
é ele QUE regenera a vida
DAS marcas que ficam na pele,
sem MESMO precisar relatar
AO amor que foi preciso
se CALAR para sobreviver.




HORAS

EXISTE uma hora de seguir em outros rumos
em OUTRAS avenidas,
que TIDAS como novas
te MOSTRAM antigos caminhos,
ESQUECIDOS.
Essa HORA sem nome
COMEÇA no exato instante em que
SAUDADE e solidão já se fazem
sinônimos, e DO peito só te arrancas
a INTENÇÃO,
sem o FATO causado.
Para OS poetas, essa hora é a
DIVAGAÇÃO,
para OS físicos, metamorfose,
AOS naturalistas, MUTAÇÃO,
AOS menestréis chama-se
VOLTA POR CIMA,
e de alguma MANEIRA todos estão
errados,
PORQUE não há COMO mudar o que na
PRÁTICA é imóvel,
e o SER se faz parado,
quando SE movimenta PERDE-se entre os
carros e COLISÕES.

LINCE

TENHO me atrasado um pouco
para os MOMENTOS de alegria
e contemplação,
PORQUE me perco sempre
em ANÁLISES de como seriam
VIDAS e mortes sem o jeito
FRÁGIL da lágrima sobre
OS olhos.
Impressiono-me FÁCIL com o enlarguecer
das VERDADES
e como é mais simples NÃO precisar
de ARRANJOS para forjar
as FLORES.
Não costumo DERRAMAR lágrimas por verdade,
e QUANDO choro,
é SOMENTE porque a comoção me
PARECE mais humano que a intensidade
do GESTO.
E suporto ESSA brincadeira
SEM precisar alçar grandes VÔOS com meus
olhos de LINCE delator
das MENTIRAS dos homens
que ME povoam.

GIRANDO

MEUS olhos revoltosos
se PERDEM em meio ao calor
DAS noites que eu já não contabilizo
em SOLIDÃO.
ME vejo girando como em CIRANDA
que não ALCANÇA mais a alegria
já vivida,
NEM se mostra contente
COM o que a vida tem a
DAR.
E se deixa LEVAR, sem nada oferecer,
sem NADA esperar.




ARRASTO-ME

ESTOU no deserto de mim
MESMO,
e sofro COM a aridez das minhas
MÃOS, que desencontradas
não SABEM o que fazer
do CHÃO que me apoio.
Choro, DESESPERO e aceito
o FIM como pacote de uma vida
DESVALIDA por si só.
Ao BEL prazer da sarjeta
eu ME arrasto,
finjo que CAIBO em mim mesmo,
e não SEI como fugir
dessa FARSA.
As mãos ATADAS, mesmo que não
algemadas, elas se VÊEM presas
ao RESTO do que sou.
Noto-me COMO um corvo,
que SUPOSTAMENTE agourento se afasta,
negligencia SUAS alegrias
e DESERTA-se do resto do mundo,
COMO infante em fim de guerra,
COMO arma que descalibrada
já não SUPORTA o tiro
que a MIM mesmo pertence.

CHORA PEITO

Chora PEITO,
CHORA
que a aurora não tarda
a APARECER.
Deixa as lágrimas ROLAREM
que o TEMPO reflora o teu
JARDIM escurecido pela
NOITE.
DEIXA o peito encharcar
que a ÁGUA não mata
se FOR prá secar a DOR
sem lamento.
SOLTA seu grito no vento
que o TEMPO se encarrega de
ALIMENTAR as feras
que moram em TI.
CORTA-te em pedaços
que no ACASO da desordem
e DOS desajustes da razão
é EM partes que te verás
SALVO, e caia no leito de uma
OUTRA vida,
que essa já não APARENTA mais
ser TUA.

CARBONO

Vejo meu rosto COMO em papel
carbono,
e ME desfaço das intenções
SE o meu rascunho
se borra NAS lágrimas que derramo.
De tanto ESTAR só
eu ME esqueci como é
dividir AS mesmas horas.

O QUE PODE ACONTECER

Nada que EU diga
SERÁ mais importante ou
MAIS doloroso
QUE me calar,
PORQUE é no meu silêncio
que MORA a falta
de QUERER.
E eu já não QUERO,
eu já não ESPERO mais.






CRÔNICA DESESPERADA - II

[...]
Já era domingo. Dia relutante, sol sem semblante de alegria, névoa acinzentada, calor estagnado, e frio... muito frio, embora o calor reinasse.
Aquele homem estava parado ainda na mesma esquina, desolado porque na noite todos se entregam, querem do outro pedaços, e nunca o todo.
Ele se via moço, mas com cicatrizes fortes, profundas como raiz de solidão, sem respostas aos seus devaneios.
Um carro passa, e pelo retrovisor alguém o olha, reluta em acreditar que alguém se perderia tão firmemente em tal lugar, não por ser perigoso, ou coisa que o valha, mas porque a essa altura existir já não é uma questão de idéia ou condição, mas uma necessidade, e parecia sim que aquele homem parado, apesar da rubra face, pele tratada, escondia um quê de mortandade nos olhos, na sustentação de si.
Desgraçadamente aquele homem que já nem se sabe nome ou CPF queria permanecer ali, mas entendia que permanecer significa saber-se de si como público, e que todos o saberiam também estar ali, e medo ele tinha, o conhecimento degenera o prazer da descoberta. E ele entendia que a sua missão era se mostrar e se despedir, pela natureza casta de quem necessita sempre de outros olhares, prismas mesmo.
Caminhou desalinhadamente. Encontrou outras gentes, outros carros, cores e carnavais. A vida existe enfim, mesmo nos domingos.
Chega à soleira de sua casa, e não entra.
Quer ter certeza da partida e tem dúvidas ainda sobre a sua chegada, regresso.
Abre o portão, se senta no batente e chora.
A verdade é só uma... Anos sabendo que vida é coisa rara, agora sabe também que morte é cara, artefato de luxo, que todos compram por ninharia.
Decidido, entra.
E volta ao seu espelho, na tentativa única de quem sabe, naquele momento seu pudesse descobrir o que a vida pode oferecer-lhe, porque até agora as promessas não se cumpriram.

SONHAR É...

Sonhar é COMO ter nas mãos
um PUNHADO de pérolas falsas
QUE reluzem na noite
COMO lanternas de saudade.
O sonho ROUBA do homem
a VERDADE
e lhes presenteia COM
a alegria,
QUE apesar de efêmera
EVOCA novos instantes
QUe já nem SABEMOS mais se de
SINERGIA ou destruição.




EU TENHO MAIS DE 20 ANOS

Eu não TE quero,
eu quero MAIS é sair
DIVIDIR a minha metade
de ZERO
e vivificar as MINHAS imposturas
todas.
Eu não te AMO,
esse ANO eu quero mais chuvas
e REBENTAÇÕES, quero colos
e COLISÕES de sonhos,
solidões.
Eu não te ABRAÇO,
eu laço o FUTURO e saio
em DIREÇÃO do desastre
do SUCESSO, eu não meço
mais AS minhas dores.





MUDANÇA DOS VENTOS

Os meus VENTOS mudam
em FAVOR das minhas intenções,
e SE mantém atentos
AO que eu submeto ao
CRIVO do toque,
o ABRAÇO.




MUITO POUCO

Não é de ESTRANHAR que o mundo se tenha
PERDIDO em pesos e medidas,
PORQUE a matemática se entende
CORRETA, e o resto todo
MAIS parece equação
DE resultado negativo.
E eu TENHO visto que o pouco
é MUITO rasteiro
e o MUITO é produto de
GUERRAS, e que ninguém
DECLARA.




CRÔNICA DESESPERADA - I

Era mais um dia sol, um dia de muitas soluções e intensas posturas dos homens, era sábado, dia de se ter um instante de paz, por mais que pouca.
Ele já sabia que seria mais um momento de pura introspecção.
Homem de poucas palavras, muitos insultos a si, no espelho, e nada era materializado ao outro, tudo resguardado à contento das suas insatisfações e decisões.
Olhava-se na fotografia adornada na parede, e se desconhecia, era como se nunca tivesse se visto.
Todos os dias, os mesmos atos se serviam à vontade, como em reprise de novela, que por mais enfadonha que seja, está sempre a nos perseguir.
Aquele homem solitário, indigesto, se via e se desconhecia.
O sábado começara, e com ele algumas mudanças...
Não era mais o espelho que lhes estranhava, mas as cores do quarto, e aquele homem mordaz e morrediço precisava de sair dos seus próprios muros, reconhecer outros terremos, fazer existir uma nova verdade.
Era uma condição sombria aquela, ver-se de perto, mas ao longe somente é que se podia ter a real noção de como o homem é uma perdiz inalcançada no verão.
E ele saiu das suas algemas, se fez notório no chão, e pelas poças d'água, poder-se-ia retroceder seus olhos, agora instaurados numa nova forma.
E sentia medo, desespero pela iniciativa forçada, e via-se efêmero naquele mundo de fora de si, que nunca o abrigara.
Viu gentes, sorriu prá algumas e fingiu felicidade quando seu coração bateu, enfim, forte.
Era a primeira vez que não sentia pena da sua imagem, única vez em que se delegou o poder de olhar outro igual nas ruas.
embriagou-se com perfumes mil, dilacerou alguns olhares espios com sua tirania calada, e só de olhar já se fazia intenso, por primeiro contato.
Esse homem que nunca se libertara, se entendeu como qualquer, e num ato desesperado de retorno ao seu pranto inicial e sequente, ele cai...
Senta-se nas calçadas de suas culpas e sofre por quem chegava-se mais perto, ele nunca tivera contato com quem não fosse a si mesmo, perante o espelho do quarto.
E com a sua mão direita afastou o medo, levantou-se... Seguiu, sem rumo, sem emendas e sabia que no domingo, outra vida o afetaria.
Sem querer voltar prá casa, ele aquietou-se numa esquina e se fez parar, até que o sol voltasse a reinar em seus olhos.



(Continua)

EMERGÊNCIA

Enquanto MEUS olhos tiverem
TE vendo,
o TEMPO estará valendo,
a PENA,
VALENDO o momento de
SER.

PARTIDA

Para a MINHA partida
as LÁGRIMAS são desnecessárias
e OS olhos se
FAZEM ausentes
DO que eu desejo.
Para a minha PARTIDA
eu preciso somente DAS malas
PRONTAS e dos pés
ACALMADOS pelo silêncio
DO que virá.
E o QUE virá sempre
EXAGERA no que será.





DANÇA

EXISTE no submundo dos
MEUS olhos
uma DANÇA que desconheço,
MAS sei reconhecer
o SEU valor.
A dança DE ventos
e utopias QUE elevam o ser
ao NADA,
no quadrado de
COISA nenhuma.




NÃO SOU DA SUA RUA

Há UMA rua nessa cidade
que EU não conheço
e por NECESSIDADE
eu PARTO em busca
de TAL verdade.
E saber como CHEGAR
não me TROUXE grandes intenções,
PORQUE o não conhecer
AINDA me dava
GARANTIAS de não saber
COMO se é
o QUE em meu medo
FICA guardado
POR não entender o QUE da verdade
PODE se fazer arma de
GUERRA.




DÚVIDA?

A minha vida DUVIDA que há
UMA outra saída para
A tua partida.
É HORA de ir
SAIR e ver o que o mundo
TEM a oferecer
sem QUE você saiba mesmo
o QUE querer dela.
Sonhos são ALEGORIAS de verdades
e MENTIRAS,
que quase NUNCA sabemos
que DESTINO dar.





TODA SEXTA-FEIRA

Todas AS sextas feiras
as MINHAS desculpas são outras,
DE agonia
FALSA folia
e MORTE em alegria.
São DIAS em que palavras
já não bastam
e é PRECISO um pouco mais
magia,
EM que a verdade não
PAREÇA mentira
e o CORPO não se veja
em ESPIRAIS de dor.
Nas sextas-FEIRAS
eu acabo todas as HORAS
e deixo que o relento
se FAÇA próximo, então.




QUALQUER COISA

Qualquer COISA me valha
COISA que me CAIBA
que me ATRAIA em função
de SER qualquer.
qualquer UM que me tocaia
UM que me resvale seus
GESTOS e suores
que me VALE ser?
Qualquer UM em minha janela
UM em meu RASTELO
e que BELOS olhos a me vingar
a SURDEZ.
Qualquer COISA em minha
MESA,
coisas e REALEZAS se confundem em
MIM,
em MIM se perdem.
QUALQUER beijo,
qualquer ALEIXO
e entrega,
SE presta SER assim,
que SEJA.




FANTASIA

A primeira DAMA se declama
rainha DOS meus sonhos
e RECAI sobre as minhas
alegrias TEMPORÃS.
Ela se FAZIA madrinha das minhas
ventanias TODAS,
e me vicia ATÉ hoje
em QUERER sempre o colo
DE quem já não tenho.
É uma maravilha ser ESCASSO num
mundo de TANTA hegemonia
em QUE holos
e EREMITA são sinônimos
de UMA mesma fantasia.





MARCAS

MAIS ALÉM

Além DOS sinais
o FIM está sempre próximo
PORQUE o ato de indeterminar
as COISAS
povoam EM tristeza
o PEITO dos que queriam
SER eternos.



ÚLTIMO BOLERO

De REGRESSO eu me assalto
em MEIO ao acaso DESSAS estações
de TREM, que só existem
prá SEPARAR o que se querem
em DISTRAÇÃO de amar.
NO reverso, a minha medalha reluz
RECÔNDITA que é em ser
SOLITÁRIA,
a minha FACE é como
CARA e coroa, que não se SABE
nunca em QUAL se chegará primeiro.
EM excesso eu sou TÃO mítico
QUE mais pareço a cegueira dos MAGOS,
a profecia DOS atos apaixonados,
que TERMINAM em morte,
e nem ME conduzo a SORTE de rever-me,
a não SER que pelo reflexo
da MEDALHA escondida em
MEU casto pescoço,
a LUZIR o tom de cara,
VEZES de coroa
numa EQUAÇÃO que só a minha
vida TEM resposta.





AÚN

Me dá MEDO saber que sei
QUEM sou,
saber QUE na vida a esperança
é a ÚLTIMA das sentenças
e a CONSEQUÊNCIA é um modo
de CONDIZER o que se quer
COM o que se pensa,
MESMO que díficil seja chegar.
Partir me PARECE um ato desesperado
DOS que não querem
se OLHAR no outro,
e não DEIXAR alguém sozinho
é COVARDIA,
pois a NOSSA única tarefa
NA vida é existir
e FAZER sublimar o que se deseja.
Eu quero ME despedir
sem PRECISAR partir,
OU mesmo ficar
SEM nem querer mais olhar ao lado.




PERDEU O SENTIDO

Ando silenciosamente LADRANDO contra
o JARDIM, que à espreita
da NOITE faz o orvalho
DEVORAR o medo das FLORES
e as FAZ viver em mais tempo
que MEUS olhos possam sugerir.
Dilacero as MINHAS ampulhetas
que insistentemente REFLETE o que da vida
FEZ a vida viver,
QUE é o próprio ato de ser
o QUe somos, em essência,
indecente QUE somos
e nem PERCEBEMOS.
A vida insiste em FLORESCER, mas meus olhos
VAGUEIAM no fundo obscuro das
COISAS e busca o que nem a verdade
PODE obliterar.
Já me dei por VENCIDO ao que me
condiz SER humano,
e SEI que sou, infelizmente,
MAS não aceito a derrota
SE de minhas mãos podem sair
a METADE que me usurpa o
MEU próprio penhasco,
e FAÇO esse pedaço desconhecido
QUe tenho
SUMIR
se esquecer.



ESSA FALSA CALMARIA

As minhas mãos fustigadas de lembranças bobas
Já não se emocionam mais com tanta demonstração
Do falso amor que me conduz,
E reluz como ouro, tolo igual ao rio que corre
Para o mar que não é seu.
As minhas rotas todas são de colisão e desterro,
Sempre perdidas entre os cacos do abandono
E pela cor iluminada em tom carmim
Que desagrega e degela o coração desencontrado,
Sangue derramado ao relento.
As cousas de minha vida, são de longo,
Um longo caminho,
Longo amor não vivido,
Istmo de mim mesmo.
As metáforas são somente parte de uma verdade
Que nunca decifrada me retrata como em filme
De cinema mudo, na mudez do que nunca digo,
Mas experimento a alusão do esquecimento em mim,
Por mim,
Para mim.
Por tudo eu me deixo esquecer,
E lamento somente o poeta que morre comigo,
Claustrofóbico, cismático, enigma de minha própria
Pulsão violácea.

MEU ALFANJE

Quando DIGO que me contradigo
é PORQUE repito
seguidas VEZES as suas
INTUIÇÕES sem entender
que POR trás de tudo
há APENAS o tempo
a ME conjugar como verbo
SEM nexo de ser
AÇÃO, mas comom fenômeno
de UMA natureza inexplicável,
indizível.
O meu ALFANJE é de guerras passadas,
PUNI-me por ter açoitado
a VIDA com tamanha
VERDADE,
e acolho-ME em desertos
INFINDÁVEIS para que não
EU sofra
de TEMPESTADES e calafrios
que me ASSOLAM em horas
de agonia.



ACORDO DAS HORAS

As horas fizeram um acordo
e ASSUMIRAM as culpas
antes RELEGADAS aos ventos,
QUE viviam a ocupar-se
DOS meus intentos
ESQUECIDOS, polarizados
em GUERRA contra si.
As HORAS se chocaram com
os VENENOS que me utilizei
a FAZER da vida
UMA ilha reunida em mim.
As horas,
muito EMBORA queiram sempre
VENCER perdem seu tempo
a ME comover com seu fim
e SUA finalidade.
Um peito QUE já não bate
não PODERIA sorrir
e SOFRER ao mesmo tempo.



AINDA

Ainda
é CEDO
Ainda
é FÁCIL demais chegar
Ainda
TENHO medo
Ainda
FAÇO jogos inviáveis
Ainda
PERCO tempo
Ainda
SOFRO
Ainda
CORRO em direção ao vácuo
Ainda
CHORO
Ainda
SEI como viver e andar
Ainda
POSSO estar
Ainda,
apenas AINDA
e não até quando.




16 de set. de 2009

EU QUE NÃO SOU EM PAR

Eu escrevo prá ninguém, as minhas palavras cegas ensurdeceram com o silenciar das noites quentes,
de negros abraços, fortes como temporal veranil.
Eu não me lembro de ninguém, aprendi desde cedo a esquecer o que nas tardes pode me afetar,
sem mesmo com o inverno a temperar as minhas cores e carências.
Eu não me abro a ninguém, porque a minha verdade é insuma de condições que o mundo não entenderia,
eu sou insatisfeito com as horas e o seu tempo regrado em progredir ao que jamais conheceremos,
uma inverdade sim, pois se não conhecemos, logo não existe,
e fato é que eu não me julgo incapaz de lutar contra esse tempo, eu sei como seguir na contramão
das minhas próprias soluções adversas, eu sou inverso ao teu corpo.
Eu não caibo em ninguém, todos estão grandes, e eu maior ainda, me vejo tão pequeno prá tanto espaço reservado ao acaso... Todos querendo sexos, anexos e desconexos abraços, que de laços jamais farão ligação de amor e afeto.
Eu, afeito de meus desejos todos, suporto a ânsia dos que querem agora a condição de entrega, e os estados de negação do que não se é, porque o personagem resiste, insiste em conduzir as vidas, e não sobra tempo prá serem os mesmos que eu vejo.
Eu, que não sei ser em terceira pessoa, somente escrevo sobre o que me dá conta de eu poder estar sendo, não conseguiria nunca me ver em transbordo, ou em aliteração daquilo que em mim é suposto, eu não sou homem de poucas palavras, e as muitas que já disse se delegaram unas, e não precisam mais de mim.
Eu, que não soube amar em plural, somente sei conduzir meu peito em uma direção, que certa ou errada é dificil de dizer, mas aceito o dom de consentir em mim o florir das noites e dos dias, o chover das horas, de morte ou de alegria, eu que jamais fui amante de mim mesmo, sei também que amar ao outro é ser em par, um só...
Eu, que não sei brincar de dois a um, remonto meus quebra-cabeças, e refaço as malas, estou de partida, sem mesmo saber em que destino estar, mas vou, porque meu tempo não se acaba, apenas se desdobra em algures de chegada.



LUAR ISENTO

Eu quero EXPOR minhas tolices
TODAS em papel e algodão,
EM cores de São João,
e BRINCAR de ser
ALGURES, enquanto o mundo
GIRA e se perde
entre as ESTAÇÕES de um
ano que já nem sei
mais QUAL é.
O meu NENHURES se esquece
de VOLTAR, e não chega a tempo
de VER o meu céu
ECOAR em sons de trovões
e CATEDRAIS reluzentes,
BALAUSTRADAS em pedrarias
que nem VALOR posterga ao
HOMEM de amanhã.
Eu QUERO "mundiar" as minhas
soluções,
e DAR resultado aos problemas
INEFICAZES da vida de cada um,
e SIM, eu quero,
e QUERO mundo
VOLTAR de novo a ser
um ZIGOTO que não pretende
muito, APENAS nascer.




BELAS CORES

Eu já não ERA herói e
as minhas FALTAS corroendo
os MEUS lencóis,
de FRIO e medo,
CALOR e desassossêgo.
Eu já NÃO era herói
e nem DE longe a minha CAPA
era reluzente,
nem BRANCO cavalo eu trazia,
vinha a PÉ.
Eu já não ERA herói e os
QUATRO sóis no céu
me LAMENTAVA o fato da cegueira,
que Me impedia em
SER eu o dono a abrir
a PORTEIRA de um instante
NOVO,
pois vilão é SEMPRE passado,
e MOCINHO,
caçado.








AS SOMBRAS

AS sombras dos dias
se ESCONDEM sempre, entre
as CORES de arco-ÍRIS nenhum,
que FIGURA no céu
de ALEGRIAS tortas.
As CORDAS dos meus artíficios
se PERDEM,
e CAIO entre as cartas
e POEMAS que inda nem
ESCREVI.


DE PERTO

Não me VALERIA a palavra
sem QUE de perto eu
pudesse TE ver,
reler teus OLHOS
e confirmar AS intenções
que TE cercam.
Eu já NÃO sei mais brincar
de SONHOS,
sem que a TUA mão me
conceda o ENCANTO do toque,
AO luar,
POR baixo do céu azul
que NOS ataca com seu manto
COLORIDO e afirmado
PELAS estrelas, que cadenciam
o TOM da nossa
VALSA, sonhada em duo.

CIÚME

Eu TENHO ciúmes da tua
PELE, que todos os dias
é ABUSADA por tuas
ROUPAS,
eu TENHO medo de quando
DORMES, e dos sonhos que tens
SEM a minha presença,
onisciente da PERDA que sou.
Eu choro AS cores dos teus olhos,
QUE negros, silenciam qualquer
DOS meus sorrisos,
entranhados na própria
QUERÊNCIA.
Eu me ACORDO todos os dias
prá CONFERIR se em teu colo
FLORES querem pousar
COMO bichos, que desejam
o ORVALHO da noite.
Eu não SUPORTO o suor
que TE percorre todos os dias
e TE lambe com línguas
salgadas, e ADOCICA tuas mãos
com o CALOR do sol
que TE consome,
e me MALTRATA, porque te bronzeia,
SEM que eu possa, enfim
te PEDIR, que não me tire
a PALIDEZ do rosto,
ADORADO.



INSISTO

EU co-existo com a
MINHA própria DOR,
e DESISTO de entender
os acasos QUE me cercam,
em SILÊNCIO atestam
o meu PESAR.
Eu CO-insisto em ter
QUE viver nesse silêncio,
e ABRASO a alma
COM a pele marcada,
MANCHADA pelo sangue nunca derramado,
DELATADO em meu semblante
incontido EM ruas
que NUNCA vi,
sustentado em DIAS que
inda não VIVI.



15 de set. de 2009

ERA SÓ E CONTINUOU

ERA só vontade de ser
FELIZ, e agora nem é
MAIS verdade,
POIS em mentira
principiou o ACASO das horas
mortas
EM que a minha fonte
SECOU e teus olhos
merejam SONHOS que nunca
SERÃO entregues
AO teu farto gozo.
Era SÓ vontade de existir,
e AGORA é só interesse
em RESISTIR.

MENTIRA

A mentira EMANA da carne
que se MANIFESTA detestável ao
TOQUE.
A mentira CONSOME o homem em sua
VÃ e prosaica fonte,
de VIDA e morte.
A MENTIRA elucida os desagravos
DOS desencontros
e DESAFOROS nunca ditos.
A mentira SUPORTA o ser como
uma MÃE,
mas COBRA a sua conta
COMO agiota que NÃO perdoa
nem RESPEITA os leitos de rios
a QUE vocÊ atravessa,
a MENTIRA não cessa nem
agrega AMOR ao desatino,
a mentira é puro DESALINHO.










[Esse texto é prá todos que um dia
mentiram a mim e ao mundo, e a todos
que já menti]
CALO-ME.

VOCÊ DISFARÇA

Enquanto VOCÊ na rua
disfarça E acha graça
de SER só,
eu SAIO a correr
POR entre portas
e alpendres a SONHAR
com tuas HORAS todas
entregues
AO meu relógio,
que SÓ corre em direção
AO meu próprio QUERER.


DESENGANOS

Eu não ENTENDO onde seguem as
suas mãos
SE de longe eu vejo
QUE da vida você
só levou MEU coração,
AGORA vazio,
já ensanguetado de HORAS
que se secaram PELOs relógios
entorpecidos
POR seu perfume algoz.
Eu não ME furto das horas
que TE perdi aos poucos
ao ME contentar com
SAUDADES, enquanto teu corpo
FERVIA em alegrias de quintal
QUE eu não entendia.



SOU O QUE NÃO

Sou o que NÃO,
sem TEMPO,
sem ACERTOS e errados
instantes de VIVER em vão.
Sou o QUE sim,
o que SE dá e o que
PERDE enfim,
PRÁ no fim de tudo
SABER que se é
SEM precisar mesmo querer
MAIS que estar sendo.


CAUSAS

Existem PALAVRAS que nem
a VERDADE do mundo
pode DECIFRAR,
POIS existem causas
nas COISAS em mim,
COMO para todo meio
HÁ um fim
ou uma TONALIDADE carmim.



E AO AMOR?

E AO amor?
Sobram VAZIOS a
consternar-LHE na sua
imensidão E
calafrios.



PRIMAVERA DOS OLHOS

EU só te peço que me
PROTEJA das falsas
ALMAS e encantos.
Eu SÓ quero que tu
SAIBAS de uma coisa:
-Eu não queria SER fiel
sem ANTES ser leal,
POR isso que de longe
eu SEI que me protejo
DOS aleixos de quem só
me QUIS mal.
E se PODES me ajudar
que SEJA então de bom grado,
POIS meu coração não
SUPORTA mais achaques de
SOLIDÃO e ventanias tolas
em PLENA primavera
dos OLHOS.


SEM RESERVAS

Eu já QUIS distância e quis
SUMIÇOS, eu quis
MALEFÍCIOS tantos pra me
VER por longe e feliz,
SEM saber que de perto
EU poderia te dar
o MEU maior de GOSTO,
sem RESERVAS,
sem RECESSOS e falsos
CONSERTOS dessa vida
NOSSA sem apêlos.


LINDA LUA

Hoje no CÉU a lua se anunciou
VERMELHA, intensa
como TEUS olhos negros
na RUBRA face de menina.
E tive MEDO
que um DIA eu não mais
CONSEGUISSE pôr meus
SONS eu tuas mãos
PARA que pudessemos
SER noturnos em pleno
DIA.


VOCÊ PRÁ MIM

Você prá MIM é noite
e CARNAVAL
é céu DE
São João,
é FOLGUEDO, emoção.
Você prá mim É instante
de COLÍRIO, é cegueira
da RAZÃO.
E somente EM ti
que eu SEI onde chegar
e de ONDE partir.




LEMBRA DE MIM

Todos OS dias eu me lembro
das TUAS mãos e bocas
e ME cravar mordidas
e SENSAÇÕES inesquecíveis,
DAS quais eu só
não ME aparto
das cicatrizes,
MEU prêmio mórbido,
de QUEM viveu na saudade
e NA saudade morreu.



ESCONDERIJO

Eu continuo a ME esconder
entre OS teus beijos
e SEU silêncio,
não POR medo ou por
SALVAÇÃO,
mas PORQUE é no teu
AMARGO calor de primavera
que RESGUARDO as minhas
melhores ALEGRIAS.



TOQUE

Há um FASCÍNIO obscuro entre
as minhas CORRENTES
e os GRILHÕES
do teu ABRAÇO.
É um CASO de querer bem
que não SE extingue,
e VOCÊ me lambe o lado
AVESSO da boca
que TE ofereço.
É um PREÇO escuso que
se CALCULA sem os juros
DO objeto direto de ser,
e SOU seu.
Ando a ENCOMENDAR as tuas
mãos em MEUS feriados,
um BOCADO importante
o toque SOBRE o cálido
ASFALTO do ser que
SOU.
Uma DANÇA disforme,
um CARINHO enorme,
UM abraço conforme,
o QUE se sonhou.

NÃO AO ACASO

Não ao acaso,
EU me perdi de tanto
me procurar.
Eu ESQUECI,
de tanto ME lembrar,
eu SOFRI,
de tanto AMAR.
Não ao ACASO,
o beijo já não me EMOCIONA,
o sonho JÁ não aprisiona,
e a PELE deixou-se de
esquentar.
Tanto QUIS saber dos meios
e dos FINS,
que sufoquei o ínicio,
SEM nunca começar,
passei a SER rascunho de
uma VIDA,
sem nunca me TESTAR.
E decidi PELO silêncio,
sem NEM contestar.

14 de set. de 2009

ISSO

É fome de ser quem sou,
e ainda conseguir
me perder nos caminhos
do que me restou do dia de amanhã,
que sem usar,
eu já sei como começa e quando termina...
em minhas mãos próprias,
sem abuso, sem retorno,
regresso...
é o excesso do que sou,
o olho, trêmulo e fatigante,
que claudica entre permanecer calado,
e atento ao que virá,
pois sempre vem...

É

E por mais QUE me faltem
palavras a ME declarar ao
teu GOSTO,
eu SIGO esse caminho
DO querer,
que me ELEVA,
me revela teu CHEIRO
e o gosto DOCE de tua
mão sobre o MEU ombro,
seguindo.

CAI A TARDE

DEIXA GOZAR

Morde-me COMO em tua carne
quente, FRIA,
me ASSALTA a voz
e ENLOUQUECE-me os ouvidos
com TUA adocicada violência
do TOQUE.
Me afoga em TUA saliva
e CATIVA meu corpo,
COMO em escravidão eu já vivi.
Come-me A carne toda,
e LAMBUZA-se com meu sorriso
IGNORANTE, de homem
esquecido NO passado dos que já
amaram.
FAz-me RIR e chorar,
faz-me GOZAR em teus dedos
e MALEFÍCIOS, que eu quero ser
teu ENCONTRO com o mar,
me DEIXA ser a incógnita DOS
seus horizontes
e DEIXA-me beijar-te
QUANDO o teu grito
não PARECER mais sustenido.

MAMBO DA DOR

O declive de UMA voz perdida
é COMO ECHO, a ninfa
CHOROSA que se perdeu
em SEU próprio olhar,
ao AMAR a quem não devia.
E não DEVIA ser tão ruim
amar,
MAS amor sem dor
é CARNAVAL, sem pierrot
e ARLEQUIM, a sombrear o desejo
PELA colombina SOLENE
em sua lágrima contida
NA quarta-feira de
CINZAS.


NÃO SE ESQUEÇA

Que VERDADE haveria na vida
se TUDO fosse meramente
PLANEJAMENTO de virtudes
e EXCLUSÃO dos defeitos.
Eu, POR mim,
faria tudo AO contrário,
me valeroa MAIS investir
em MEUS estados de loucura
e INTROSPECÇÃO
que os FESTEJOS e folguedos
vividos ERMAMENTE acompanhado
de UM mundo imbecil
e CLAUSTROFÓBICO.
Me cansa SER humano, igual aos
outros,
EU quero ser,
HUMANO, mas diferente
DOS que andam por aí.

E QUANTO A MIM?

E quanto a MIM
que morro NOITES e
choro DURANTE os dias
de SAUDADE e desolação?
E quanto a mim
que PERCO o sol de verão,
MAS me aqueço nas tormentas
de INVERNO?
E QUANTO a mim
que ABRAÇO os cacos
dos meus SONHOS,
e DASABO nas intenções
vindouras?
E quanto a MIM
que suspeito DO amor,
mas o ACOLHO em meu
jardim?
E quanto a MIM
que perco OS medos
e GANHO a solidão?
Não me SOBRA muito,
senão a ESPERANÇA
de um futuro sem MAIS
promessas,
PORQUE já vivi de promessas
SEM esperanças.

LUZES





Eu me VEJO em espelhos
que não QUEBRADOS
me fragmentam em
SÓLIDAS ilusões,
que ENXERGO de longe,
mas SE aproximam
COM a velocidade
de UMA luz desconhecida,
íntima, e AINDA sim,
estrangeira.

13 de set. de 2009

NÃO HÁ O QUE TEMER

Não HÁ o que temer,
POIS onde os olhos chegam,
o CAMINHO se torna
iluninado, PELAS lanternas do
QUERER.
O medo não ASSOMBRA mais
aos MEUS olhos
que SE entregam ao DESEJO
de chegar onde MAIS longe puder,
e a ALMA já se transborda
EM consonância com as possibilidades
de FELICIDADE,
que mesmo egoístas,
ESPERAM sempre teu corpo
JUNTO ao meu,
EM algum lugar dos MEUS
caminhos.

PROMESSAS

As FALSAS promessas, são como
músicas QUE tocam em fim
DE noite,
POIS mesmo estando silenciadas,
MAS nunca saem da cabeça.
São FALSAS, porque são promessas,
se FOSSEM reais,
seriam COMPROMISSOS.

O ATO

É tão díficil entrar e VER
que o mundo já é tão
DIFERENTE, sem nunca ter
mudado.
MAIS parece um ato desmemoriado
de TEATRO vivo,
sem PERSONAGENS, mas
no enredo TODOS se alegram
e CHORAM de sinergias.
São TODOS homens e mulheres,
MAS que outrora de subdividem em
SERES estranhos,
SE tocam, se querem
e QUEREM da vida,
o que nela não HÁ.
Já não SEI andar, se andar
não é em CONTRAMÃO,
em contrapartida VIVER já não me basta,
EU quero mesmo é ser
PLATÉIA, de um espetáculo
que ARDE em meus olhos,
e NUNCA serei fora
DELE, porque ele (o ato)
sou EU.

EM HORAS

Nas HORAS de desassossêgo
e SAUDADE,
eu me PERCO em desatinos
que cobrem-ME
a face pelo MEDO
e pelo fracasso.
Eu QUE amei em INVERNOS e
maresias,
TINAS de alegria
já NÃO mais fazem parte
DOS meus acontecimentos.
Eu que já não PROCURO andar,
agora VEJO-me incontido
em não QUERER mais ficar
PARADO, atado em
meus próprios DESTINOS
já deixados PRÁ trás.

LÍQUIDO CANTO

Líquida AÇÃO, que se conserva
em vão PARA o deleite
dos NÃO aceitos são,
em LÍQUIDO canto
para OS que mostram
um TANTO torpes em relação
AO mundo da ação,
em CANÇÃO não-bela,
não-CLARA,
desastrada.
Líquida sensação DE não
saber como mais TOCAR a harpa
da SOLIDÃO e certeza,
e NÃO substanciar os mundos
ENTRE a dor e a coesão da
VIDA, tida em líquida
CANÇÃO.

PROVEITO

Nada do que EU faça terá
proveito ANTES que eu
conceda LUZ aos desencantos
dos MEUS atos,
ATADOS em colisões
e CÁRDAPIOS extraviados
do CAFÉ onde Helena
SE deliciou no passado.

12 de set. de 2009

Bela Flor

Samba e SOLIDÃO se recompensam
COM a batida
do PEITO
disfarçada de TAMBOR.

Galope

Eu NÃO saberia conduzir meus
OLHOS, sem que antes
conduzisse as MÃOS em
direção ao QUE é óbvio
e sim, doutrinário.
O que as MINHAS mãos sentem
é ÂNSIA de si ver
e sobreviver AO toque.

ERMO HOMEM

Nunca precisei TORNAR-me mau,
nem OBSCENO
a VERDADE é somente uma,
e NELA EU me desdobro
solene, INCONCEBÍVEL
que sou,
MATEMÁTICO e nunca ponderável.
As minhas MUDANÇAS madrugam
em TEUS sonhos
e REPUDIAM as tuas
arestas,
OS teus relógios,
minutas INSÓLITAS de um contrato
MAL dito entre
OS meus objetos,
não DIRETOS,
não-didáticos,
SEMI-solitários,
AUGUSTOS e desviados do acaso
de SER somente um ERMO homem,
UM eremita contradito
em SUA sombra.

10 de set. de 2009

ETERNO EM MIM

Eterno em mim,
são OS dias de folga que eu passo
a CONTABILIZAR as suas
fotos, DEIXADAS sempre
em minha MESA, como
holofote DOS meus instantes
de PAZ.
Eterno EM mim,
são as HORAS contadas em segundos
que EU me resguardo o peito
consolidado de AMOR
à tua ESPERA, sonhada.
ETERNO em mim,
são OS diamantes que figuram
em SEUS olhos, fingindo retinas
a me OLHAR desconfiados,
amados de FATO.
Eterno em MIM, é o poder
de VIVER, e poder viver PERTO
a você,
às tuas MANIAS tolas
e ENTREGA irrefutável
em MEUS braços,
AGORA prostrados sobre tua
PELE,
deliciada entre MEUS
dentes.

OPRÓBRIO SILÊNCIO

OUÇO o batuque do teu peito,
e o meu LEITO chora
a FALTA que faz as
tuas cicatrizes SOBRE os lencóis
SAUDOSOS do calor
iminente de TUA pele
airosa.
Esse SILÊNCIO opróbrio
resseca MEUS olhos lacrimosos
e ENCERRA a cota de
lembranças que MARQUEI
com meus dedos sujos
de TUA boca, carne e cor
VERMELHA.
Eu tinha MOTIVOS para nem
MAIS acordar sobre
essa CAMA,
mas a FORMA de dizer te
AMO
é nunca DELA me levantar,
e SORVER os restos
do GOZO que ficaram lançados
SOBRE a textura frágil
dos MEUS melódicos uivos
que SUSTENTAM as minhas
noites, SEM a tua voz,
MINHA música.

EVAPORO

NO meu mapa, as legendas
CEGAS não direcionam
teu CORPO,
nem ascendem LOCALIZAÇÕES
que ME reportem
aos OLHOS
o real dos TEUS caminhos,
tortos.
Eu, homem de tantos lugares,
não SEI mais onde
estou,
SE realmente estou aqui.
Já não SINTO se faz frio
ou SOL me queima,
já não SEI se choro ou faço
da lágrima,
EMBLEMA, de quem sou,
de quem VIRÁ a ser
o meu AMOR,
por você.

ÁTRIO INSTANTE

NA espera dos meus entes desejos
instaurados PELO olhar
que se FORMOU
pelos VERÕES passados,
eu NUNCA soube bem como viver
sem QUE houvesse
uma mão sobre a minha.
Até entender QUe importante mesmo
era A mão que se deixava pôr,
eu SOFRI de carências
e DISCÓRDIAS entre os meus olhos,
INSANOS.
E no PÔR do sol de cada dia
eu VIA em minhas artérias
o ÁTRIO instante
que corria FEITO louco,
sem ROUPA e vergonha
QUERENDO somente o toque
que AINDA distante me
DOÍA, como faca que não corta,
MAS ameaça e cega, ao
MEDO da perda e do
ACASO.
E com os FARÓIS acesos
em busca DE um cais a me navegar
eu FUI,
em direção ao
DESCONHECIDO.

UM DIA, O SILÊNCIO

A POESIA se cala,
mas OS sonhos permanecem,
como CAVALOS que marcham
em BUSCA do si,
na TENTATIVA de não serem
somente ESTÁGIOS de uso,
MAS descobrirem em sua
própria essência o dom de algo.
A palavra é POUCA,
mas na ROUCA voz
se ADEQUA ao instante
de ser o QUE se é,
sem NUNCA precisar ter
sido para PROVAR,
e repousa, intrigada,
EM ser.

REFEITO

As POESIAS se calam,
os DIAS se acabam,
as NOITES enfartam-se em
SONS e sinais escusos,
é HORA de ir.
As pontes EVADEM-se
as FLORES exalam-se em si
e OS nortes se perdem
em SULS e e falsetes.
Tudo é UMA coisa só.
uma MASSA acinzentada que decai
SOBRE o sono dos que são bons,
e na BEM-aventurança dos que
DESEJAM, tudo se
renova, TUDO se põe
REFEITO.

RITOS DE AGORA

ABRI VAGAS EM MEUS DIAS

Desconheço cada passo meu
os caminhos que sigo
não são para deixar rastros.
E se me acabo,
é certa a festa.
Abalos sísmicos em minha alma
já não representam perigo,
os medos não são em mim,
nem me figuram mais.
Ando sozinho,
arrasto minhas correntes,
ser livre, é estar preso á vontade
de não estar preso.
Abraços, são partes de mim
que condeno,
são sempre dotados da vontade de repetir.
Sofrimentos?
Congelei-os em meu freezer
chamado esquecimento.
E já nem me lembro
do rosto que vivi no passado,
O passado?
Não volta,
nem falta faz.
Quero presentear-me
com o hoje.
O amanhã? Vazio.
Abri vagas em meus dias.




(Texto antigo, mas que merecia estar no BLOG)

DEIXA O FRIO QUEIMAR

ESQUECI O TOM DE TRISTEZA

Cansei DE ficar longe,
eu quero ESTAR perto,
estar DENTRO.
Quero ESTAR do lado,
colado, sem AÇÃO e entregue.
Sentir CALOR e frio, feito mendigo,
FOME e dores como
FLORES ao relento,
quero CORES que nunca tive.
Quero LOUCURAS, quero curas
e cicatrizes, FEITO as atrizes
de cinema, QUE morrem e se consomem
em VIDAS tantas encenadas,
SEM nada nas mãos,
EU quero mãos
e PÊLOS em meus ouvidos,
quero IDOS e futuros.

À INGRID

Praticamente
tens em si a força duvidosa
de ser FADA,
mas que bom
que não a possuis de fato,
já que ao ACASO
seria um saco vc ser encantada.
Bom mesmo é ser real,
e mostrar
ao resto do mundo,
que somente VOCÊ é real,
mesmo fora das caixinhas
de cores
que todos tem em casa
em seus quartos
de camas redondas
e espelhos nos olhos.

AGORA CEGOS

Lembro-me
de quando era criança,
e tuas mãos sobre as minhas
mostravam os novos horizontes,
sem nunca ter-me
tocado com tamanha necessidade.
Era como se em primeira vez
eu fosse DEUS,
e você o universo,
criado por somente os meus olhos,
agora cegos de saudade.

ÁS DE COPAS

Esse TEU ar,
é um ÁS, de copas,
COM o corpo todo molhado,
DEIXADO assim de lado
prá EU te adorar
com MEU florim.
Esse teu PAR, que sou,
as VEZES te assusta,
MUDA as tuas mãos
de PARTES e ardes em fogos
de ARTIFÍCIOS, loucos.
É uma água, que MOLE
adora a DURA, a pedra forte
que CHORA a cura dos
teus BEIJOS, o meu veneno.
Esse TEU ar, de amor,
CALOR e colisão,
CORPO e indecisão em se dar,
mas SE entrega TODO,
só em pedacinhos,
ASSIM, meu,
minha, TODA fora
e DE dentro nunca sai,
UM amor em cartas, QUE marcadas
não ME tiram a forma
de SER seu, em copas,
bebido NOS teus copos sujos
de SALIVA, doce,
QUENTE e violenta.
O seu jeito SEMPRE faz sentido
em MEU tolo olho
de MÁRTIR sem a tua
dança, CIRANDA...
Minha CRIANÇA.

NO ÍNICIO

E no ínicio ERA o verbo,
DEPOIS a ação,
SOMOS todos objetos
SEM nem saber que existe
um CORAÇÃO.
Já nem bate mais EM verdade,
porque DO ato
se FEZ paixão,
incandescente, ENLUARADA,
paixão em desritmia DE um
peito DESGOVERNADO
sem ter o TEU
carinho, assim que como
DO sexo verbal
se FEZ canção.

9 de set. de 2009

COM VOCÊ

Com você por perto
eu fico mais bonito,
Ganho cores quem sabia ter.
Com você, eu fico
mais arisco,
feito animal no cio,
que não sossega sem o seu
bem por perto.
Com você,
meu peito arde em desejos
inda nem postos à prova
do que quero,
se quero...
E exaspero de saudades.
Com você,
o que é VERDADE
passa a SER mais verdade ainda,
TUAS pernas sobre as minhas
ME deixam a pele bem
MAIS bonita.
Com VOCÊ o céu é mais
céu,
o SOL é mais brilhante,
e ANTES que me esqueça,
COM você, o AMOR
é mais INTEIRO, do seu ladinho.

QUANDO SE MUDA

Nada MUDA, até que você
mude PRIMEIRO.
A mudança SÓ existe
quando, da SUA mudança
TEUS olhos
comecem a VER tudo
em DIFERENÇAS.
O ato de MUDAR não é somente
religar SENTENÇAS e
recondicionar os OLHOS,
mas primeiramente REDIRECIONAR
as mãos
em BUSCA de si,
vendo então QUE a quem mais
importa MUDAR é a si mesmo,
e não ao OUTRO.
Quando se muda, TUDO
muda em VOLTA.

QUANDO SE MUDA

Nada MUDA, até que você
mude PRIMEIRO.
A mudança SÓ existe
quando, da SUA mudança
TEUS olhos
comecem a VER tudo
em DIFERENÇAS.
O ato de MUDAR não é somente
religar SENTENÇAS e
recondicionar os OLHOS,
mas primeiramente REDIRECIONAR
as mãos
em BUSCA de si,
vendo então QUE a quem mais
importa MUDAR é a si mesmo,
e não ao OUTRO.
Quando se muda, TUDO
muda em VOLTA.

FACES


MARCHA ALERTA

Os sonhos FLORESCEM sempre
onde em TERRENO viçoso
a VIDA se faz presente.
Não adiantam MUITAS ilusões
sem as DOSES óbvias
de CERTEZAS que precisamos
a TODOS os dias.
Enquanto SE pensa sobre
como MUDAR o mundo,
sem CONSEGUIR nem se quer
mudar o PRÓPRIO mundo,
o HOMEM se esquece
que em meio ÀS suas bugigangas
existem CAMINHOS tortos
que PODERIAM levar-lhes
AO transbordar de sentimentos,
QUE por hora,
OU me conduzem ao silêncio,
ou MARCHAM junto a mim
PARA a saudade,
de quem SOU.

::.Nem POR razão.::

::.VEM.::