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[EU sou o que você não pode VER]

16 de set. de 2009

EU QUE NÃO SOU EM PAR

Eu escrevo prá ninguém, as minhas palavras cegas ensurdeceram com o silenciar das noites quentes,
de negros abraços, fortes como temporal veranil.
Eu não me lembro de ninguém, aprendi desde cedo a esquecer o que nas tardes pode me afetar,
sem mesmo com o inverno a temperar as minhas cores e carências.
Eu não me abro a ninguém, porque a minha verdade é insuma de condições que o mundo não entenderia,
eu sou insatisfeito com as horas e o seu tempo regrado em progredir ao que jamais conheceremos,
uma inverdade sim, pois se não conhecemos, logo não existe,
e fato é que eu não me julgo incapaz de lutar contra esse tempo, eu sei como seguir na contramão
das minhas próprias soluções adversas, eu sou inverso ao teu corpo.
Eu não caibo em ninguém, todos estão grandes, e eu maior ainda, me vejo tão pequeno prá tanto espaço reservado ao acaso... Todos querendo sexos, anexos e desconexos abraços, que de laços jamais farão ligação de amor e afeto.
Eu, afeito de meus desejos todos, suporto a ânsia dos que querem agora a condição de entrega, e os estados de negação do que não se é, porque o personagem resiste, insiste em conduzir as vidas, e não sobra tempo prá serem os mesmos que eu vejo.
Eu, que não sei ser em terceira pessoa, somente escrevo sobre o que me dá conta de eu poder estar sendo, não conseguiria nunca me ver em transbordo, ou em aliteração daquilo que em mim é suposto, eu não sou homem de poucas palavras, e as muitas que já disse se delegaram unas, e não precisam mais de mim.
Eu, que não soube amar em plural, somente sei conduzir meu peito em uma direção, que certa ou errada é dificil de dizer, mas aceito o dom de consentir em mim o florir das noites e dos dias, o chover das horas, de morte ou de alegria, eu que jamais fui amante de mim mesmo, sei também que amar ao outro é ser em par, um só...
Eu, que não sei brincar de dois a um, remonto meus quebra-cabeças, e refaço as malas, estou de partida, sem mesmo saber em que destino estar, mas vou, porque meu tempo não se acaba, apenas se desdobra em algures de chegada.



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