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18 de set. de 2009

CRÔNICA DESESPERADA III

Do seu quarto ELE jurara que nunca mais sairia, se deixaria prender por seus medos, e com seus grilhões viveria a silenciar os gritos de necessidade.
Não valeria a pena sobreviver em meio ao caos que a vida em disparidade lhes proporcionaria, mais fácil é viver em quietude do seu próprio espaço, sem divisas.
Os olhos agora tentam se afastar do espelho, a crítica fere sua autopiedade, e o faz sentir-se melhor, coisa que não lhes agrada, não é seu dever ser amado, ou mesmo sentir-se amando. O mundo não se preparou para a sua chegada, logo, ele não precisa se preocupar em ser modesto ou humilde a receber amores.
Resolveu ligar o rádio, e todas as canções tocadas eram destinadas a um coração, que não o seu, pois não se comovia com vozes e sussurros tolos, aprendeu desde cedo a intervir em suas intenções, mesmo inconscientes.
Divagou um pouco em seu inseparável caderno de soluções, devolveu aos seus olhos o ar triste de cada dia, escureceu o quarto com as cortinas mórbidas e tenazes, e deitou-se, o descanso lhes pareceu naquele instante o único apreço que ele poderia oferecer ao seu corpo.



(Continua)




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